quinta-feira, 27 de maio de 2010

Daytime Drinking*


'Daytime Drinking' é um longa-metragem sul-coreano de 2008, dirigido por Young-Seok NOH, que estreou no Jeonju International Film Festival, em Seul, no dia 3 de maio. Muitas vezes comparado a “Stranger than paradise” e “Sideways – Entre umas e outras”, o filme se diferencia, no entanto, por suas características ligadas à cultura oriental. Sua narrativa é cheia de trocadilhos, sob a forma de palavras repetidas e com um senso de humor bastante aguçado.

A ideia para o filme surgiu de alguns questionamentos simples sobre viagens e o que elas podem trazer de soluções pra problemas, bem como acarretar alguns a mais. Sob essa perspectiva, somada a uma frustração amorosa, tão típica, surge o fator “álcool”, que parece estar sempre presente quando se tem em mente encontrar pessoas, relaxar, abrir a mente – situações vividas ou esperadas quando se faz uma viagem. A questão principal, porém, é: E se as coisas fogem do controle? Na Coréia, acredita-se que beber durante o período do dia causa efeitos muito mais fortes do que durante a noite. Arrependimentos e outras sensações perturbadoras podem vir junto quando se acorda após um porre, porém esses são sentimentos bastante comuns a qualquer ser humano. Assim é o personagem central de Daytime Drinking, um homem que talvez pareça simpático e que talvez esteja jogado à sua própria sorte.

Após terminar seu namoro, Hyuk-Jin (Sam-dong Somg) vai a um bar com alguns amigos tentar esquecer sua desilusão. Algumas horas mais tarde, totalmente alcoolizados, eles combinam de fazer uma viagem para o campo, em uma pequena cidade chamada Jeongseon, na província de Gangwon-do. No dia seguinte, porém, os amigos de Hyuk estão com uma ressaca tão forte que não aparecem ao local combinado, e ele resolve entrar sozinho no ônibus que o levará a seu destino. Lá, ele descobre que está não apenas distante de seus amigos, mas de qualquer sinal de vida comum. As lojas estão fechadas, não há turistas por perto, a praia está congelantee seu celular se encontra sem sinal.

Sem poder retornar, seu caminho acaba tomando diversas direções inesperadas, e o que era pra ser uma jornada de oportunidades e superação acaba se transformando em uma estranha experiência. Ao ser convidado por um casal para acompanhá-los em alguns drinques, Hyunk embarca, sem saber, num emaranhado de situações bizarras, e o que parecia apenas uma grande ressaca acaba se transformando numa verdadeira maratona alcoólica.

Em julho de 2009, a FUNImation Entertainment anunciou que havia adquirido os direitos para distribuir o filme na América do Norte.


Sobre o diretor:
Nascido em 1976 em Seul, na Coréia do Sul, Young-Seok Noh estreou no cinema com Daytime Drinking. Além de assinar a direção do filme, ele também assumiu os papéis de roteirista, diretor de fotografia, produtor, editor, compositor, designer de produção e ator. Com todas essas funções, Noh aparece no cenário cinematográfico asiático como uma grande revelação, e um futuro promissor, distanciando-se largamente de seu passado, quando frequentava a Seoul National University para cursar Arte cerâmica.

Após conquistar a audiência e crítica sul-coreana com sua divertida e realística percepção de momentos simples, o diretor levou seu Daytime Drinking para diversos festivais ao redor do mundo, incluindo os prestigiosos Toronto e Locarno.

Regras sul-coreanas para beber:
Na Coréia do Sul, o ato de ingerir bebidas alcoólicas vem cercado de rituais estabelecidos que, conforme mostrado em Daytime Drinkng, podem ser extremamente divertidos assim como um pouco problemáticos. Apesar do ar um tanto quanto formal dessa tradição, o personagem principal do filme, Hyuk-jin, pode ser visto como um cidadão coreano comum bebendo em qualquer bar. Porém, se ele se encontra em algum restaurante ou outro estabelecimento mais refinado, essas regras devem ser respeitadas. Veja, resumidamente, as 9 regras para beber na Coréia do Sul.

REGRA 1 – “SOJU” – BEBIDA TÍPICA NACIONAL
REGRA 2 – O “ESPÍRITO DE BEBER”
REGRA 3 – NUNCA DERRUBE O PRIMEIRO COPO
REGRA 4 – RESPEITE OS MAIS VELHOS
REGRA 5 – NUNCA DEIXE O COPO DO SEU AMIGO VAZIO
REGRA 6 – A ARTE DE SERVIR
REGRA 7 – O COPO VAZIO
REGRA 8 – MANTENHA O CONTROLE!
REGRA 9 – QUANDO TODAS AS OUTRAS REGRAS FALHAREM – ESQUEÇA!

Créditos
· Director, Writer, Producer, Cinematographer, Production Designer, Editor, Sound, Composer: NOH Young-Seok (primeiro filme)
· Produção: StONEwork, cantarias
· Representantes de Vendas: Eleven Arts

Elenco
· SONG Sam-dong as Hyeok-jin (Go Go 70)
· YOOK Sang-yeob as Ki-sang (Hand Phone)
· KIM Kang-hee as Next-door woman (Roommates, 4 Horror Tales)
· Lee Ran-hee as Ran-hee (Welcome to Dongmakgol)
· SHIN Un-Seop · TAK Seoung-jun

Festivais
· Jeonju International Film Festival 2008
· Locarno International Film Festival 2008
· Toronto International Film Festival 2008
· Vessoul Asian Film Festival 2009
· Asian Hot Shots Berlin 2009
· International Film Festival Rotterdam 2009
· SXSW Film Festival 2009 SXSW Film Festival 2009
· Hong Kong International Film Festival 2009
· Wisconsin Film Festival 2009
· Singapore International Film Festival 2009
· Fantasia Festival 2009
· Seattle Film Festival 2009

Prêmios
· JJ-Star Award / Audience Award Critics '- Jeonju International Film Festival
· Special Mention of the Jury / NETPAC Award - Locarno International Film Festival 2008
· INALCO Jury Award - Vessoul Asian Film Festival 2009

Especificações técnicas
· Título Original: Naj sul
· País de Origem: Coréia do Sul
· Duração: 116 minutos
· Formato: 35mm
· Cor


* Release para a Mostra de Cinema Zona Livre 2010, no CCBB-RJ

Glue*


Mesmo com o relativo acesso que temos a cinematografia Argentina, alguns filmes e diretores acabam passando rapidamente por nossas terras sem que se dê a devida atenção. Glue, do cineasta Alexis dos Santos, merece destaque, já que traz um cinema jovem, que embora tenha sido bastante explorado nos anos 90, cria direções novas e se abstém de qualquer julgamento sobre as ações do protagonista, criando uma câmera livre em que a impressão que temos é que o personagem vai se descobrindo ao mesmo momento que vamos descobrindo ele.

Nascido em Buenos Aires, em 1974, mas criado na Patagônia, Alexis se dedicava ao estudo de Arquitetura e Interpretação em sua cidade natal antes de se mudar para Londres, onde estagiou como diretor na Escola Nacional de Cinema e Televisão. Para filmar seu primeiro longa-metragem, o cineasta retornou às suas origens, criando uma obra voltada para o mundo adolescente no meio do nada, um mundo que ele próprio conhecia tão bem. O roteiro de ‘Glue’ consistia unicamente em um enredo com 17 páginas, sendo que a grande maioria das cenas foram improvisadas. Ao escolher esse tipo de processo criativo, o diretor buscava um nível elevado de autenticidade e desembaraço nas atuações, principalmente dos jovens.

O filme, que estreou em 2 de fevereiro de 2006 no Festival Internacional de Rotterdam e conquistou diversos prêmios, tem traços dramáticos e também de comédia, e se passa em uma pequena cidade na desértica Patagônia. Lucas, com 15 anos de idade e em plena fase de ebulição hormonal, passa seu tempo com os amigos Nacho e Andrea, dividindo experiências e vivências do que é ser adolescente em uma pequena cidade argentina e em pleno verão. Sua vida familiar é bastante conturbada, e como forma de escape, o personagem principal do filme tem grande fascínio por situações simples do cotidiano, como sua relação com os amigos e com a música. A trilha sonora foi criada pela banda de rock norte-americana Violent Femmes (http://www.vfemmes.com), surgida em 1982 e ainda em atividade.

Escrito e realizado por Alexis dos Santos, são as suas lembranças que marcam a temática e enfoque para o desenrolar da história. A partir da inspiração na própria adolescência do autor, o jovem elenco teve grande liberdade para improvisar, com atuações brilhantes e que trazem maior carga de realidade ao filme. Apesar dessas caract erísticas próprias que o entornam, ‘Glue’ pode ser captado e entendido como um enredo universal, pois trata de um período marcante para todas as pessoas de qualquer região, e de uma maneira bastante comovente.

Através de narrações em off em algumas partes, quase todo o caminhar do filme é intercalado entre momentos de solidão dos personagens com um certo grau de melancolia e dúvida, e outros de cumplicidade e descoberta da amizade, típicos da fase de transformações por que passam. Esses traços aproximam a obra de Alexis a outras realizações recentes do cinema latino-americano, como “E tua mãe também”, de Alfonso Cuarón, e “Temporada de patos”, de Fernando Eimbcke, por sua realidade bem como a atmosfera intimista, em retratos juvenis bastante consistentes. A utilização de diversas imagens feitas com a câmera na mão também leva o filme numa direção em voga atualmente.

‘Glue’, que ganhou na Argentina o subtítulo “Historia adolescente en medio de la nada”, é, sobretudo, um filme de visões singulares, seja pela carga pessoal presente no roteiro, ou pelas atuações que explicitam muito do próprio ator em sua representação. A fotografia também acerta em cheio ao se utilizar de cores próprias para cada situação, como ao mostrar o verão de maneira mais avermelhada, quase que numa tentativa de retratar a luminosidade exata do sol.

O filme tem 110 minutos de duração e foi gravado principalmente com cenas em DV, e algumas em super 8, posteriormente passadas para 35 mm. Asissta ao trailer: http://www.youtube.com/watch?v=hl1Ikv6O5Ig

Myspace do diretor Alexis dos Santos: http://www.myspace.com/lazystranger


Filmografia:
1997 – Meteoritos (17 min.)
1999 – Axoloti (16 min.)
2001 – Sand (20 min.)
2006 – Glue
2009 – Unmade Beds:
Com estreia mundial no Sundance Film Festival, conta a história de Axl e Vera, que acabam se encontrando ao vagarem por Londres enquanto tentam superar seu passado. Axl (Fernando Tielve) quer encontrar seu misterioso pai, de quem não tem notícias desde a infância, em um cotidiano de bebedeiras, festas e relacionamentos nada duradouros. Vera tenta esquecer uma desilusão amorosa, vivendo a frieza e o estranhamento de uma cidade grande. Dando forma a tudo isso, uma trilha sonora ligada ao indie rock, com performances ao vivo e cenas em clubs cinzas e barulhentos.

Prêmios:
Rotterdam International Film Festival - 2006
Prêmio MovieZone Por ‘Glue’

Nantes Three Continents Festival – 2006
Prêmio da Audiência Jovem Por ‘Glue’

San Francisco International Lesbian & Gay Film Festival - 2007
Prêmio Melhor Estreia Por ‘Glue’

Torino International Gay & Lesbian Film Festival - 2007
Prêmio Especial do Júri Por ‘Glue’

Montreal Festival of New Cinema – 2009
Quebec Film Critics Award – Menção Especial Por ‘Unmade Beds’

Ficha técnica:
Glue
Argentina – 2006 – 110 min – Drama – Cor – Espanhol/Inglês


* Release para a Mostra de Cinema Zona Livre 2010, no CCBB-RJ

sábado, 22 de maio de 2010

Instrument*

Reino Unido, 115 min, 1998, Documentário, cor e p&b

“Um diretor/filmmaker extremamente talentoso com inúmeros filmes de inúmeras bitolas em sua história ao lado de uma das bandas mais importante do punk|hardcore mundial. O afegão radicado nos EUA, Jem Cohem e os músicos do Fugazi se unem nesse longa para mostrar 10 anos da história da banda de Washigton DC. Repleta de fantásticas imagens de arquivo que o diretor capturou e obteve de uma das mais instigantes épocas do quarteto liderado por Ian Mackey, o filme constrói uma narrativa extremamente fiel à essência da banda, proporcionando uma vivência única aos que o assistem, remetendo diretamente ao que deveria ser um show deles ao vivo. Para àquelas não tão, ou nem um pouco, fãs de Fugazi, fica a dica: Uma grande oportunidade de proporcionar-se uma legítima experiência sobre a busca de fazer-se uma música honesta, verdadeira para àquelas que a fazem e livre de pretensões financeiras e midiáticas, fato que podemos relacionar diretamente ao cinema de Jem Cohem, exemplificado com este seu longa metragem.” – Davi Pretto e Bruno Carboni, curadores da Zona Livre

Parte da trajetória de uma das bandas mais importantes do rock independente no mundo todo é mostrada através do olhar do renomado e inspiradíssimo cineasta Jem Cohen. “Instrument”, um documentário musical que não parece ser um documentário e que pode ser visto até por alguém que jamais ouviu falar na banda Fugazi, pois é um filme que trata, antes de tudo, de artistas em desenvolvimento e sua relação verdadeiramente carinhosa com o seu público. Essa é a atração que o Cine EsquemaNovo – Festival de Cinema de Porto Alegre (CEN) e o Centro Cultural Banco do Brasil trazem ao Rio de Janeiro, na Zona Livre – Mostra Internacional de Cinema.

Tratar de uma banda de rock considerada “engajada” socialmente, com um passado punk e um público fiel ao extremo é uma tarefa um tanto quanto complicada, ainda mais quando a intenção é mostra-la nua e crua, em ação. Mas o filme consegue mostrar coisas que pouca gente conhecia no Fugazi: o senso de humor e o lado sentimental deles. Mais do que uma performance ao vivo cheia de energia e garotos de cabeças raspadas, amontoados e suando juntos, Instrument trata de arte, de música e relacionamentos humanos, mas de uma maneira que apenas o diretor Cohen e os membros da banda conseguiriam fazer.

Para as gravações do documentário, foram utilizados filmes de em 16 mm, super-8 e vídeo, além de alguns materiais de arquivo. A idéia era captar a banda não apenas executando suas músicas, mas também criando, seja em estúdio, hotel, entrevistas etc. Há muitas imagens de shows, não apenas dos integrantes do grupo em cima do palco, mas também da própria platéia.

Cohen e a banda pensavam também em utilizar aspectos de “dub” (espécie de remix, onde efeitos sonoros são incluídos e alterados) na mixagem do áudio, construindo uma experiência musical que fosse além das inalteradas performances ao vivo e, ainda assim, mantivesse seu caráter “verdadeiro”.

A colaboração do Fugazi foi bastante intensa no filme. Durante 5 anos, foram capturadas imagens e material que pudesse se integrar num documentário distante do tradicional, e que fosse o mais próximo possível de um documento amplo e histórico. Antes ainda desse tempo de convivência com a banda, o diretor matinha contato com seus integrantes, fazendo-o inclusive na finalização do filme. O Fugazi participou extensivamente do processo de edição, com idéias e criando material sonoro especialmente para entrar na trilha.

Apesar de todo seu aspecto experimental, que o afasta dos documentários propriamente ditos para uma espécie de filme artístico ou um road-moive, ele registra a evolução e o íntimo de uma banda que sempre procurou exatamente a mesma coisa em suas canções: experimentar e fugir de regras preestabelecidas. Não espere assistir a um filme como “Anthology” dos Beatles, nem mesmo “The Great Rock n’ Roll Swindle”, dos Sex Pistols.

Fugazi

Formado em 1987 na capital norte-americana, o Fugazi é uma banda quase sempre citada como parte do chamado “pós-punk”, principalmente por seu principal nome, o guitarrista e vocalista Ian MacKaye, ter sido membro de um importante grupo punk, o Minor Threat. Ao formar a banda, Ian tinha como companheiro Jeff Nelson, que acabou saindo para montar outro projeto, o “Three”. Atualmente, os dois são sócios da Dischord Records, responsável pelos lançamentos do Fugazi.

Antes de tocar no Minor Threat, Mackaye formou a ingênua banda Teen Idles, em 1979, porém não obteve muito sucesso. Foi apenas a frente da já referida sumidade punk que ele despontou para os olhos da música internacional, criando para si uma imagem antidrogas e politicamente consciente. O movimento “Straight Edge” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Straight_edge), ligado a preceitos de vida ecológicos e anarquistas, nasceu através das letras e mensagens do Minor Threat, apesar de MacKaye negar a paternidade dos “edge kids”, como são chamados, por defender escolhas e modos de vida pessoais.

Outro aspecto bastante ímpar do Fugazi é sua preocupação constante com o público, algo que chama atenção pelo lado ético raras vezes visto no mundo do rock. Seus ingressos nunca passam de U$5, e seus shows são abertos para todas as idades, e podem ser realizados em lugares que vão além de clubs e ginásios, para mostrar que a música não tem barreiras.

Discografia
The Argument – 2001
End Hits – 1998
Red Medicine – 1995
In on the Kill Taker – 1993
Steady diet of nothing – 1991
Repeater - 1990


Jem Cohen

Nascido em Kabul, no Afeganistão, em 1962, onde seu pai trabalhava para o governo norte-americano, o cineasta Jem Cohen atualmente vive em Nova York e é reconhecido mundialmente por seu trabalho multifacetado ao longo de mais de 20 décadas. Sua ligação com a música sempre foi bastante forte, e gerou trabalhos com artistas como R.E.M., Sonic Youth, Tom Verlaine (Television), além do próprio Fugazi.

Sem formação acadêmica voltada para a sétima arte especificamente, Cohen preferiu se especializar em pintura e fotografia, que dariam a seus filmes traços singulares, numa contemplação e aproximação de diferentes formas artísticas, passando pelo documentário, retratos, videoclipes e outras criações, experimentais ou não.

Seu filme de estreia se intitula “Chain”, ganhou premiere no Berlin Film Festival e acabou levando o Independent Spirit Award. Em seguida vieram outros prêmios importantes, como Full Frame Documentary Festival, por “Benjamin Smoke”, Locarno, Bonn Videonale, Film + Arc e o Festival Dei Popoli, por “Lost Book Found”, um retrato de Nova York inspirado em Walter Benjamin, entre outros.

Cohen jamais conseguiu se adaptar à filosofia cinematográfica de Hollywood, apesar de ter trabalhado na parte técnica com nomes como Martin Scorsese, Alex Cox e John Sayles. Sua visão política aguçada e proposta artística não se encaixam muito ao mainstream como o conhecemos, estando mais próximo do lema punk “do it yourself”. “É muito inspirador para mim ver as pessoas aceitando coisas de fora da indústria musical, e isso me deu um tipo de modelo para trabalha fora da indústria do cinema”, diz o diretor.

Muitos de seus trabalhos, quando não são criados exatamente como instalações, ganham exibições em museus, galerias e outros espaços culturais que não uma sala de cinema tradicional. Isso aproxima cada vez mais a sua relação com outras formas de arte, e dá visibilidade ao tipo de filme que Cohen quer lever ao público. Retrospectivas desse tipo foram feitas em sua homenagem na Inglaterra, Argentina, Alemanha e Espanha, e em 2005 o Fusebox Festival, na Bélgica, o convidou para ser curador.

Filmografia:
The 8 (2009)
Chinatown Film Project (2009)
Evening's Civil Twilight in Empires of Tin (2008)
Long for the City (Patti Smith in New York) (2008)
Blessed Are the Dreams of Men (2006)
Building a Broken Mousetrap (2006)
NYC Weights & Measures (2005)
Chain (2004)
The Best of R.E.M.: In View 1988-2003 (2003) (V) (videos "E-Bow the Letter", "Nightswimming")
Benjamin Smoke (2000)
Little Flags (2000)
Amber City (1999)
Blood Orange Sky (1999)
Instrument (1998)
Lucky Three an Elliott Smith Portrait (1997)
Lost Book Found (1996)
R.E.M. Parallel (1995) (V) (video "Nightswimming")
Buried in Light (1994)
Black Hole Radio (1992)
Drink Deep (1992)
R.E.M.: This Film Is On (1991) (V) (videos "Belong", "Country Feedback")
R.E.M.: Pop Screen (1990) (V) (video "Talk About The Passion")
Just Hold Still (1989)
This Is a History of New York (1987)
A Road in Florida (1983)


Elenco:
Brendan Canty
Joe Lally
Ian MacKaye
Guy Picciotto

Equipe
Direção, Fotografia e Edição: Jem Cohen
Música Original: Fugazi
Departamento de Som: Andrew Kris, Nick Pellicciotto e Joey Picuri


*Release para a Mostra de Cinema Zona Livre 2010, no CCBB-RJ

Stingray Sam*



USA / 2009 / 60 min / p&b e cor

Técnicas de Captação
Principal Formato: HD - 4:3

“Stingray Sam dispensa muitas apresentações. Criado sob influência direta do custume que criou-se de ver filmes no youtube divididos em trechos de 10 minutos, e em ipods e suas pequenas janelas, relacionado diretamente com a continuidade da existência do 35mm, Cory McAbee consegue dar um grande passo à frente nesse seu segundo longa metragem, perseguindo e aprimorando suas valências e surpreendentes habilidades que demonstrou no seu filme anterior (leia sobre American Astronaut), mas se reinventando de maneira muito sagaz, inclusive sobre o próprio fato de fazer ficção científica, criando um dos filmes mais relevantes dessa mostra, na nossa opinião. Stingray Sam foi lançado em 35mm no importantíssimo festival de Sundance nos EUA, mas tem sua distribuição feita simultaneamente, não só por outros renomados festivais internacionais e salas de cinema, mas também para download no site oficial do filme, sendo disponível inclusive em formato para ipods, contendo junto um interessante material adicional sobre o filme com fotos, trilha sonora, making of e etc. Como foi dito antes, a última obra de McAbee dispensa muitas palavras de apresentação. Todas essas informações não seriam relevantes se ele não conseguisse transcender toda essa originalidade de suas idéias e criar um filme que fale por si mesmo. Para nós, ele conseguiu.” - CURADORIA

O filme é um western-espacial envolvendo dois personagens principais, Stingray Sam e seu cúmplice Quasar Kid, na tentativa de salvar uma garota, seqüestrada em um planeta muito rico. Com uma trilha sonora acachapante produzida pelo The Billy Nayer Show, banda do diretor Cory McAbee (http://www.corymcabee.com), é uma espécie de seqüência ainda mais radical do que McAbee vinha explorando em seu filme antecessor, American Astronaut. Inédito no Rio de Janeiro, essa é mais uma atração que a Mostra Zona Livre traz ao CCBB.

Para esse novo projeto, o diretor usou como inspiração a idéia de trabalhar com uma tela pequena, algo que surgiu a partir de um convite feito a ele pelo Sundance Festival, para que criasse um filme curto disponibilizado para telefones celulares. Dessa nova tecnologia audiovisual, surgiu “Reno”, escrito, produzido, dirigido e interpretado por McAbee em 2007, e que contou com a trilha sonora também executada pelo The Billy Nayer Show. Reno utiliza-se de técnicas como colagens e fotografias still, tiradas com uma pequena câmera digital (Nikon Coolpix 3100) e tratadas em Photoshop, juntamente com algumas cenas filmadas com uma Sony HDV 1ZU.

Desenvolvido para ser visto em qualquer tipo de tela, desde um celular até a de uma sala de cinema, Stingray Sam também foi escrito por McAbee, e conta com ele ainda no papel do protagonista. Após estrear em Sundance em 20 de janeiro de 2009, o longa percorreu alguns festivais como o Imagine, Sci-Fi London, Brooklyn International, Austian Fantastci Fest, Oslo International e Oxford Film Festival.

Através de sua narrativa musical, intercalada entre cenas em preto-e-branco e coloridas, o diretor retrata uma parte da cultura norte-americana de maneira inovadora, com cowboys que dançam, numa espécie de ficção-científica com caráter social, embalado por rock n’ roll e um grande senso de humor. Aliás, essa união entre trilha sonora e película, trabalhada anteriormente por McAbee em American Astronaut, acaba ganhando um tratamento ainda mais especial, de maneira tão integrada que o futurismo retratado em Stingray Sam só poderia ser enxergado corretamente através de suas danças e estética musical.

A história de Stingray Sam é desenvolvida através de episódios, como se fosse uma série, com uma música específica para cada um deles.

Episódio 1: Factory Fugitives
Episódio 2: The Forbidden Chromosome
Episódio 3: The Famous Carpenter
Episódio 4: Corporate Mascot Rehabilitation Program
Episódio 5: Shake Your Shackles
Episódio 6: Heart of a Stingray

O resgate de uma garotinha, filha de um carpinteiro famoso (na realidade do filme, para ser famoso, basta ser bom no que se faz, incluindo um carpinteiro), é o cerne da trama, recheada de tiradas e diálogos engraçados e paródias. Tudo isso com um senso de bom gosto absolutamente na medida.

Fã de Dennis Potter, todos os filmes de McAbee podem ser considerados como parte do gênero “musical”, porém não da maneira convencional. Essa é a maneira que o cineasta achou para desenvolver seu interesse por música e cinema de forma ímpar, diferente daquilo que ele conhecia e se interessava como espectador. Não há a necessidade de a música estar diretamente relacionada com aquilo que acontece em cena, por exemplo. “Em meus filmes, eu quero que as músicas reflitam mais a personalidade de quem está cantando, ao invés daquilo que eles estão fazendo”, diz McAbee.

Desenvolvido para ser visto a qualquer hora do dia e em qualquer circunstância (dentro do carro, na cama, numa sala de aula e até numa sala de cinema), e com um formato narrativo seqüencial, porém fragmentado, Stingray Sam pode trazer uma nova reflexão a cada vez que você o assiste, e pode ser também apreciado em partes, sem perder seu sentido. Diante daquilo que as novas tecnologias nos oferecem, McAbee surge com uma obra inovadora e ao mesmo tempo brilhante, revistando conceitos e imagens populares com maestria.

Elenco

Ron Crawford – Old Scientist
Crugie – Quasar Kid
Maura Ruth Hashman – Heaven
David Hyde Pierce – Narrador (voz)
Jessica Jelliffe – The Clerk
Robert Lurie – Cubby
Cory McAbee – Stingray Sam
Willa Vy McAbee – Girl The Carpenter’s Daughter
Caleb Scott – The Artist
Soren Scott – Ed
Frank Stewart - Barnaby
Joshua Taylor – Fredward
Michael Wiener – Smarmy Scientist

Equipe

Empresa Produtora: BNS Productions
Direção: Cory McAbee
Diretor de Fotografia: Scott Miller
Edição de Som: Karl Derfler
Montador / editor: Andrew Blackwell
Produção: Becky Glupczynski & Bobby Lurie
Roteirista: Cory McAbee
Trilha sonora original : The Billy Nayer Show

*Release para a Mostra de Cinema Zona Livre 2010, no CCBB-RJ

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Sangre*


Um filme experimental, acessível para quem busca o cinema tal como ele é, sem tanta parafernália hollywoodiana. Assim o cineasta Amat Escalante definiu ‘Sangre’, seu primeiro longa-metragem, de 2005, vencedor do Prêmio da FIPRESCI (Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica), em Cannes, e que o CCBB, através da Mostra Zona Livre, traz com exclusividade para o Brasil.

Considerado por alguns como integrante de “um novo cinema mexicano” Escalante (http://en.wikipedia.org/wiki/Amat_Escalante) preferiu utilizar apenas atores amadores, em busca de um efeito mais próximo da realidade. Cirilo Recio, que interpreta o personagem principal Diego, foi descoberto pelo diretor na rua de sua casa: Ambos são vizinhos em Guanajuato, no México, cidade que serviu também de locação para a película. Esse tom intimista permeou todo o processo de rodagem de ‘Sangre’, que durou quatro semanas ao todo e envolveu apenas dez pessoas.

Além disso, trata-se de mais uma parceria entre Escalante e Carlos Reygadas (http://www.imdb.com/name/nm1196161/), produtor do filme e diretor de cinema. Em ‘Batalla em el cielo’, longa-metragem de 2005 dirigido por Reygadas, Amat Escalante havia trabalhado como seu assistente, após troca de e-mails entre os dois. Anos antes, tendo assistido ao filme ‘Japón’, de 2003, também dirigido por Reygadas, o seu futuro colega de trabalho resolveu lhe escrever, falando de seus gostos em comum e de seus projetos. Apesar das comparações entre os dois, Escalante afirma que ambos utilizam formas velhas, e cita Michael Haneke como uma grande influência.

Em ‘Sangre’ (http://www.mantarraya.com/index.php/fuseaction/site.movie/movID/4/lg/en/), é contada a história de um casal da classe média mexicana. Diego trabalha como guarda em um prédio do governo, enquanto sua esposa, Blanca, trabalha em uma pizzaria. O cotidiano deles é bastante tedioso, baseado em assistir tv, fazer sexo discutir, até que a filha de Diego, Karina, surge para transformar suas vidas. Através da fotografia excelente e de um recorte de cenas bastante pessoal, o filme consegue capturar o espectador por todo o desenrolar da trama, que toma novo fôlego conforme Diego vai perdendo o controle da situação.

Lançado em 11 de maio de 2005, na mostra “Um Certo Olhar” (Um Certain Regard), dentro do Festival de Cannes, ‘Sangre’ recebeu o Prêmio FIPRESCI, seção paralela mais importante dentro do festival francês. Escalante reconhece que o filme é bastante pessoal, considerando-o “um melodrama sem drama”. Mesmo sem jamais ter estudado cinema, o diretor soube desde criança que essa é a sua grande vocação, apesar das dificuldades enfrentadas por ele em um lugar pobre como sua cidade natal, Guanajuato. “É assim em todas as áreas, e buscar oportunidades é nosso trabalho”, conforma-se Escalante.

‘Sangre’ foi filmado em 16mm, com uma câmera Aaton XTR Prod, e teve um orçamento baixíssimo, estimado em U$270.000. Atualmente, o diretor Amat Escalante está filmando um curta-metragem, o sucessor de seu último longa ‘Los Bastardos’, de 2008, que fará parte de uma coletânea de curtas, intitulada ‘Revolución’. São dez filmes de dez diretores diversos, entre eles o ator Gael García Bernal, que analisam o que é a revolução nos dias de hoje, e o que ela significa para os jovens mexicanos.


Filmografia do diretor:
2002 – Amarrados (15 min.)
2005 – Sangre
2008 – Los Bastardos (90 min.): 24 horas nas vidas de Fausto e Jesus, dois mexicanos que trabalham ilegalmente em Los Angeles. Cada dia um novo serviço, cada dia a mesma pressão para conseguir dinheiro. A rotina deles é quase sempre a mesma, ficar na esquina da Home Improvement Store esperando por trabalho. Mas hoje, o serviço que eles arranjaram é bem remunerado se comparado com o efetivo usual. Hoje, Jesus carrega uma arma dentro de sua mochila.

Prêmios:
Cannes Film Festival – 2005
Prêmio FIPRESCI Por ‘Sangre’

Thessaloniki Film Festival – 2005
Alexander de Prata Por ‘Sangre’

Mexico City International Contemporary Film Festival – 2006
Prêmio de Primeiro Filme Por ‘Sangre’

Bratislava International Film Festival – 2006
Prêmio de Melhor Diretor Por ‘Sangre’

Bratislava International Film Festival – 2008
Prêmio de Melhor Diretor e Prêmio do Júri Estudante Por ‘Los Bastardos’

Mar del Plata Film Festival – 2008
Prêmio de Melhor Filme Íbero-Americano Por ‘Los Bastardos’

Morelia International Film Festival – 2008
Competicão Feature Film Por ‘Los Bastardos’

Sitges – Catalonian International Film Festival – 2008
Prêmio New Visions Por ‘Los Bastardos’

Ficha técnica:
Sangre
México/França - 2005 - 90 min – Drama – Cor - Espanhol

Elenco:
Cirilo Recio Dávila – Diego
Claudia Orozco – Karina
Martha Preciado – Martita
Laura Saldaña Quintero - Blanca


*Release para a Mostra de Cinema Zona Livre 2010, no CCBB-RJ

Moonlighting*


Recentemente, o festival de Cannes exibiu o filme 4 Noites com Anna, do diretor polonês Jerzy Skolimowski. O longa encerrava um hiato de 17 anos sem lançar novas obras. O fato curioso despertou o interesse pelo restante de sua obra, e a internet foi a opção mais acertada para encontrar algumas respostas. Abrindo o leque da Zona Livre, Moonlighting mostra um cinema mais político, explorando a problemática dos imigrantes poloneses, e tendo o ator Jeremy Irons em grande atuação.

Retratando o tumulto politico em que se encontrava a Polônia no começo da década de 80, Skolimowski utilize-se da figura de alguns trabalhadores ploneses que que imigram para Londres, sem licença legal, a fim de trabalhar em uma obra para o chefe. Novak, o personagem interpretado por Irons, é o líder e gerente dos empreiteiros, sendo o único que domina o idioma inglês, e é também o úncio que toma conhecimento da ditadura militar instaurada em seu país. A volta para casa seria um enigma para todos.


Para interpretar o personagem principal, Novak, um trabalhador que sai da Polônia para trabalhar em Londres, Jeremy Irons teve que aprender polonês. Sua performance é vibrante, e deve ser encarada com crédito por levar ao espectador emoções bastante próximas da realidade, sejam elas de simpatia e apoio à situação conturbada em que se encontram os trabalhadores poloneses retratados ou até mesmo de desaprovação diante de algumas atitudes tomadas por Novak. O fato é que, invariavelmente, toda a questão política do filme, tratada de maneira sensível e ao mesmo tempo impactante, gera diversos sentimentos.

Um quarto de século após seu lançamento, Moonlighting ainda soa atual, ressoando no cotidiano de tantos imigrantes que estão tentando a sorte longe de suas casas, tendo que conviver com a distância e as dificuldades a que o trabalho os impõe.No filme, Novak é o único dos trabalhadores poloneses que sabe exatamente a turbulência pela qual a Polônia estava passando e, pensando no melhor para eles, o personagem vivido por Irons esconde a verdade. Sua luta por dinheiro é uma característica bastante forte nos poloneses, e está ligada diretamente à luta pela sobrevivência, algo com o qual eles têm lidado por muitos anos.

Sobre o diretor:

Jerry Skolimowski nasceu em 1938, na Polônia, e já dirigiu mais de vinte filmes até hoje. Sua estréia foi com “Oko Wyko!”, de 1960, e atualmente ele vive em Los Angeles, pintando quadros e atuando em alguns filmes. Além de seu trabalho como diretor, Skolimowski escreve e atua. Formado em cinema pela Polish Film School, sua obra é absolutamente inspirada pela infância vivida em meio à Guerra. Seu pai era membro da Resistência Polonesa e foi executado pelos nazistas, enquanto a mãe escondia uma família judia em sua casa.

Ainda na faixa dos 20 anos de idade, Skolimowski publicara diversos livros, de poemas e contos, além de uma peça. Acabou se tornando ator enquanto fazia a faculdade, e estreou no filme “Innocent Sorcerers”, de 1960, dirigido por Andrzej Wajda. Em seguida, começou a trabalhar com o renomado cineasta Roman Polanski, colaborando com o roteiro de “Knife in the water”, 2 anos mais tarde. Entre 1964 e 1984, ele produziu seis trabalhos semi-autobiográficos: "Rysopis, Walkover, Barrier" (1966), "Hands Up!" (lançado apenas em 1981), "Moonlighting" (1982) e "Success is the Best Revenge", além de ter suas peças originais de “Le Départ” e “Deep End” adaptados. Entre 1970 e 1992, foram mais seis filmes, com uma produção relativamente grande: (The Adventures of Gerard, King, Queen, Knave, The Shout, The Lightship, Torrents of Spring e Ferdydurke),todos contendo sua assinatura própria.

Prêmios:
Cannes Film Festival 1982
Best Screenplay
Nominated - Golden Palm
Evening Standard British Film Awards 1983
Best Film

*Release para a Mostra de Cinema Zona Livre 2010, no CCBB-RJ

Ex Drummer*



Uma banda de rock composta por três punks aleijados e um baterista manipulador. Eis o motim principal de ‘Ex drummer’, filme belga dirigido e adaptado por Koen Mortier, que causa comoção e choque por onde quer que passe, seja nas salas de exibição ou até mesmo na internet, e que será apresentado pela Mostra Zona Livre no CCBB, no Rio de Janeiro.

O filme (http://en.wikipedia.org/wiki/Ex_Drummer) conta a história de músicos fracassados que, apesar da idade já meio avançada e de suas deficiências, ainda perseguem o sonho de se tornar rock stars. Por razões pouco coerentes, eles convidam um famoso escritor, Dries, para se juntar a eles numa banda. Mesmo não levando fé naquele trio formado por um baixista de braço paralisado, um guitarrista semi surdo e um vocalista com a língua presa, o sujeito aceita o convite para a disputa de um festival de rock local, dando início a uma relação perturbada, envolta em sexo, violência e distúrbios familiares.

Baseado no romance homônimo do belga Herman Brusselmans (http://en.wikipedia.org/wiki/Herman_Brusselmans), ‘Ex drummer’ vai fundo na experimentação visual e técnica. O desenrolar da trama é impactante até para os espectadores mais acostumados com esse tipo de narrativa, e mostra, tendo como cenário uma Bélgica até então pouco vista nas telas, a fragilidade humana de uma maneira crua e universal. Alguns comparam o filme ao clássico ‘Trainspotting’ por seu teor perturbador e temática, mas não espere que a aura politicamente incorreta que o envolve apareça de forma gratuita. Mortier está mais preocupado em transpor para a tela uma história por si só caótica e complexa sem se preocupar com a forma que o público e a crítica irão recebê-la. Se a idéia é fazer comparações, pode-se dizer que o resultado final é o ‘Trainspotting’ que sofreu um estupro.

Assista ao trailer: http://www.youtube.com/watch?v=USA2E06eLj4

Em seu primeiro longa-metragem como diretor, Koen Mortier conseguiu grande visibilidade internacional, principalmente em festivais importantes como o de Toronto, Sundance, Rotterdam, Kiev e Edinburgh, onde o filme foi exibido. Foram 4 prêmios conquistados, entre eles o de melhor estreia no Montreal Festival Fantasia, no Raindance e no Fant-Asia Film Festival, e prêmio especial do júri no Warsaw International Film Festival. Atualmente, Mortier está em fase de pré-produção do seu segundo longa, mais uma vez com roteiro adaptado por ele de um romance, intitulado ‘Haunted’.

Lançado primeiramente na Bélgica em 31 de janeiro de 2007, o filme também é conhecido pelo título “My way is the highway”. As locações utilizadas ficam em Middelkerke e Ostend, ambas cidades belgas. ‘Ex drummer’ foi todo gravado em 35mm. Segundo a curadoria da Mostra Zona Livre, o universo que o filme possui não é nem um pouco convidativo e sua corrosividade consegue ser sarcástica suficiente, e com muita habilidade, sobre muitos dogmas do cinema atual, inclusive mandando para bem longe qualquer diplomacia.

De acordo com o The Guardian (http://www.guardian.co.uk/theguardian), “há uma energia escura de humor absurdo, e você se sente como se precisasse de um belo banho após assisti-lo”. Confira mais detalhes no site oficial do filme: www.exdrummer.com

Filmografia do diretor:

1995 – Ana Temnei (9 min.)

1997 – A Hard Day’s Work (13 min.)

Prêmios:

Brussels International Film Festival - 1997

Prêmio SABAM

Por ‘A Hard Day’s Work’

Sarajevo Film Festival - 1997

Prêmio da Audiência

Por ‘A Hard Day’s Work’

Uruguay International Film Festival - 1997

Prêmio Especial do Júri

Por ‘A Hard Day’s Work’

Montreal Festival Fantasia - 2007

Prêmio de Melhor Estreia

Por ‘Ex Drummer’

Raindance Film Festival - 2007

Prêmio do Júri

Por ‘Ex Drummer’

Warsaw Internacional Film Festival - 2007

Prêmio Especial do Júri

Por ‘Ex Drummer’

Fant-Asia Film Festival - 2008

Prêmio do Júri

Por ‘Ex Drummer’

Ficha técnica:

Ex Drummer

Bélgica – 2007 – 100 min – Comédia/Drama – Cor – Holandês/Flamengo


*Release para a Mostra de Cinema Zona Livre 2010, no CCBB-RJ