sexta-feira, 21 de maio de 2010

Moonlighting*


Recentemente, o festival de Cannes exibiu o filme 4 Noites com Anna, do diretor polonês Jerzy Skolimowski. O longa encerrava um hiato de 17 anos sem lançar novas obras. O fato curioso despertou o interesse pelo restante de sua obra, e a internet foi a opção mais acertada para encontrar algumas respostas. Abrindo o leque da Zona Livre, Moonlighting mostra um cinema mais político, explorando a problemática dos imigrantes poloneses, e tendo o ator Jeremy Irons em grande atuação.

Retratando o tumulto politico em que se encontrava a Polônia no começo da década de 80, Skolimowski utilize-se da figura de alguns trabalhadores ploneses que que imigram para Londres, sem licença legal, a fim de trabalhar em uma obra para o chefe. Novak, o personagem interpretado por Irons, é o líder e gerente dos empreiteiros, sendo o único que domina o idioma inglês, e é também o úncio que toma conhecimento da ditadura militar instaurada em seu país. A volta para casa seria um enigma para todos.


Para interpretar o personagem principal, Novak, um trabalhador que sai da Polônia para trabalhar em Londres, Jeremy Irons teve que aprender polonês. Sua performance é vibrante, e deve ser encarada com crédito por levar ao espectador emoções bastante próximas da realidade, sejam elas de simpatia e apoio à situação conturbada em que se encontram os trabalhadores poloneses retratados ou até mesmo de desaprovação diante de algumas atitudes tomadas por Novak. O fato é que, invariavelmente, toda a questão política do filme, tratada de maneira sensível e ao mesmo tempo impactante, gera diversos sentimentos.

Um quarto de século após seu lançamento, Moonlighting ainda soa atual, ressoando no cotidiano de tantos imigrantes que estão tentando a sorte longe de suas casas, tendo que conviver com a distância e as dificuldades a que o trabalho os impõe.No filme, Novak é o único dos trabalhadores poloneses que sabe exatamente a turbulência pela qual a Polônia estava passando e, pensando no melhor para eles, o personagem vivido por Irons esconde a verdade. Sua luta por dinheiro é uma característica bastante forte nos poloneses, e está ligada diretamente à luta pela sobrevivência, algo com o qual eles têm lidado por muitos anos.

Sobre o diretor:

Jerry Skolimowski nasceu em 1938, na Polônia, e já dirigiu mais de vinte filmes até hoje. Sua estréia foi com “Oko Wyko!”, de 1960, e atualmente ele vive em Los Angeles, pintando quadros e atuando em alguns filmes. Além de seu trabalho como diretor, Skolimowski escreve e atua. Formado em cinema pela Polish Film School, sua obra é absolutamente inspirada pela infância vivida em meio à Guerra. Seu pai era membro da Resistência Polonesa e foi executado pelos nazistas, enquanto a mãe escondia uma família judia em sua casa.

Ainda na faixa dos 20 anos de idade, Skolimowski publicara diversos livros, de poemas e contos, além de uma peça. Acabou se tornando ator enquanto fazia a faculdade, e estreou no filme “Innocent Sorcerers”, de 1960, dirigido por Andrzej Wajda. Em seguida, começou a trabalhar com o renomado cineasta Roman Polanski, colaborando com o roteiro de “Knife in the water”, 2 anos mais tarde. Entre 1964 e 1984, ele produziu seis trabalhos semi-autobiográficos: "Rysopis, Walkover, Barrier" (1966), "Hands Up!" (lançado apenas em 1981), "Moonlighting" (1982) e "Success is the Best Revenge", além de ter suas peças originais de “Le Départ” e “Deep End” adaptados. Entre 1970 e 1992, foram mais seis filmes, com uma produção relativamente grande: (The Adventures of Gerard, King, Queen, Knave, The Shout, The Lightship, Torrents of Spring e Ferdydurke),todos contendo sua assinatura própria.

Prêmios:
Cannes Film Festival 1982
Best Screenplay
Nominated - Golden Palm
Evening Standard British Film Awards 1983
Best Film

*Release para a Mostra de Cinema Zona Livre 2010, no CCBB-RJ

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